quarta-feira, 30 de novembro de 2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

RETRATOS CEIREIROS / Zé João

O Zé João morava ao pé do quintal da Donana. Desde pequeno cultivou uma imagem rebelde. Tinha gosto em ser diferente. E até era canhoto, ao contrário da maioria. No adro de baixo, à tarde, antes da hora da carreira, divertia-nos com as suas malandrices e piruetas na bicicleta: parado em equilíbrio, só numa roda, de pé no selim, andar sem mãos...
Quando cresceu um bocadinho, tornou-se virtuoso na arte do drible e instalou-se na equipa de futebol. Franzino, rápido, esgueirava-se pela extrema esquerda, com arte. Muitos golos marcou e deu a marcar. Guardo ainda na memória, entre outras, as exibições, coroadas com golos, no ASA de Nespereira, Figueiredo das Donas, Lafões e, aqui na Beselga, no jogo contra Aregos, debaixo dum gélido granizo... Na Associação foi membro dos Corpos Gerentes e creio que foi mesmo o último a cobrar as quotas aos sócios: entregou-me uma lista com 53 nomes de sócios que lhe haviam acabado de pagar as quotas, antes da saída daquele nº3 da 2ª série de “Mensagem da Aldeia” em Dezembro de 1981...
Acompanhei-o de perto aquando do estágio em Penedono. Fizemos viagens juntos para o emprego em Sernancelhe. Separámo-nos quando foi trabalhar para Trancoso e eu fui para Viseu. Sabia que conservava o feitio rebelde, parecendo irritado quase sem haver razão para tal. Mas no fundo, havia um poço de bondade, de solidariedade, de altruísmo.
Um telefonema brusco deu-me a notícia : um despiste na ponte nova de Ranhados. Um despiste?! Ele que sabia tudo de mecânica, velocidades, cilindrada, estabilidade...Onde estava a sua perícia?...Desistência da vida?...
Encontrei-o na cama do Hospital em Coimbra, respirando ruidosamente...Interpelei-o por várias vezes. Os seus olhos não me fixavam, olhavam em vão... Ao lado, a mãe, banhada em lágrimas, construía uma moldura de “pietá”. E que sofrimento o desta mãe! E o Zé João continuava a desobedecer-lhe... e quis morrer na idade mais bonita da vida.
Com a sua trágica morte , desapareceu aquela imagem ceireira de ar sorridente (mas de ar sarcástico e certeiro) nas voltas ao povo, na Associação, no futebol, nos cafés, no quintal, na pesca, nas conversas...
- Mário Lourenço

domingo, 27 de novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

RETRATOS CEIREIROS / A filha do Nico

Passaram mais de vinte anos. Trinta!.... Já nem me recordo ao certo.
- Já ontem fui a Penedono, mas o sr. Dr. Tito está para uma reunião para Lamego. A rapariguita nem foi trabalhar connosco, ficou a fazer a comida, doía-lhe muito a barriga. De noite chorava que nem uma Madalena...Eram cinco da manhã e botei-me ao caminho até Sernancelhe. Igual, o médico também está para a reunião de Lamego. Valha-me, por alma de quem lá tem! Já fui ao sr Francelino alugar o táxi, mas está para Lisboa... Tenha dó da minha menina!...
Quem poderia não ter dó, ao ver o pai esfarrapado de dor, envergonhado de não poder esconder uma catadupa de lágrimas desobedientes?...
O Inverno tinha sido rigoroso e o caminho da barragem estava uma lástima, mas pior estava o nosso íntimo depois deste choro convulsivo de um pai lavado em lágrimas…Por meio de charcos e fragas, patinando aqui, fugindo para a berma ali, lá fomos.... Ali raspava o motor, depois deslizava o carro para a valeta...Enfim, pelo velho caminho de Penedono lá chegámos junto à barragem.
O Nico lá assobiou com o seu hábito de pastor. Depois um berro desesperado ecoou no paredão da barragem. Ao longe, junto da quinta, dois vultos desciam a escarpa. A tia Germânia Coelho trazia a menina embrulhada no cobertor. Um leve rumor soltava-se a custo da miudita. Tentei ser o mais veloz que pude pelo lamaçal que nos impedia a marcha. À entrada da aldeia, a srª Aninhas do Miguel espiolhou para dentro do cobertor e gritou de pavor: “Está a acabar a pobrezinha, vão depressa!” Redobraram os gritos de dor. Turvava-se-me a vista, não sei se das lágrimas, se das grossas pingas de chuva que caíam sobre o vidro do carro.
Chegámos ao Hospital de Trancoso. Respirei de alívio. Corremos para o médico... mas a tragédia consumava-se: - “Um cadáver? Trazem-me um cadáver?!...” Um misto de revolta, amargura e dor invadiram-nos o rosto. A menina acabara de morrer.
O médico lavava as suas mãos. O pai banhado em lágrimas explicava os passos que dera, os médicos que não encontrara, os transportes difíceis...Maldita apendicite!
Como tinha morrido a filha, era proibido levá-la. O Nico não sabia que fazer.
- Oh sr. doutor, eu sou um desgraçado quintaneiro, não tenho dinheiro para funerárias...deixe-me levar a minha filhinha!...
- Eu não vi a sua filha, faça o que quiser...
E lá partimos para a Beselga. Para o funeral não podia levar a menina para a quinta. Na aldeia, só a casa dos Coelhos tão humilde... “Se ma levasse a Riodades, tenho lá a minha irmã...” A voz rude daquele pai trazia tanta amargura, tanta tristeza que esqueci as legalidades e fomos levá-la a casa da tia em Riodades.
E o homem, depois de procurar a irmã pela aldeia, aberta a casa, lá colocou a sua filha para, enfim, descansar desta vida injusta e cruel...

- Mário Lourenço

domingo, 13 de novembro de 2011

CEIREIROS GANHAM EM FERREIRA D'AVES

A formação Beselguense deslocou-se ao reduto da equipa que lidera o nosso campeonato e ganhou por 1-0







Fotos: António Aguiar



FERREIRA D´AVES 0 - 1 CEIREIROS

ESTÁDIO: Ferreira D´aves.
CEIREIROS: Celso, Ricardo Leitão, Miuzela, Nené (Capt), Calano, Rui, Platini, Tozé.Padeiro, Lucindinho,Campos.
SUPLENTES: Tiago, Micael, Fabio , Vitor, Rui Mindo, Simões.
SAÍRAM:Padeiro,Tozé, Campos. ENTRARAM: Rui mindo,Micael,Vitor.
TREINADOR: Marco Pinto
GOLOS: Padeiro 60´

Jogo de grau de dificuldade elevadíssimo para a equipa dos Ceireiros. No terreno do sempre difícil Ferreira d´aves, sendo que o clube da Beselga soube responder da melhor maneira, conseguindo assim a primeira vitória fora de casa para o campeonato. Jogo muito equilibrado, durante a primeira parte, com poucas oportunidades de golo de parte a parte e muita disputa de bola a meio campo. As equipas respeitaram-se e não arriscaram muito durante o primeiro período.
Na segunda parte, o jogo tornou-se mais interessante, com domínio de jogo repartido ao longo do segundo tempo. A formação forasteira entrou melhor nos primeiros 15 minutos e numa jogada de linha lateral, onde Platiny faz um lançamento para Campos, e este assiste o David Padeiro, que remata dentro de área para o primeiro e único golo do jogo. A partir desse momento a equipa da casa partiu atrás do prejuízo e tentou dar a volta ao resultado. Esteve em cima do jogo a partir desse momento. O treinador da casa (Joca Lamas Fausto) arriscou tudo e fez alterações tácticas para tentar colocar mais gente na frente, mas em vão. A equipa dos Ceireiros esteve muito bem a nível defensivo e ofensivo. Essa tarde existiu muita entreajuda por parte dos jogadores para manter o resultado e ainda teve duas oportunidades de contra-ataque, onde tozé falha isolado. De referir mais uma vez que ficou por marcar um penalty a favor dos Ceireiros numa jogada de contra ataque onde Micael é claramente impedido de progredir dentro de área (e teve direito ainda a levar amarelo pela ALEGADA simulação). A equipa dos Ceireiros resistiu muito bem até final de jogo, que acabou quando o relógio marcava 56 minutos de jogo!
Desde já quero dar os parabéns á equipa dos Ceireiros pelo vitoria, e principalmente pelo empenho e esforço que demonstraram ao longo do jogo e dar também os parabéns à equipa do Ferreira d´aves, pois possui uma boa equipa e um bom treinador.
Por fim, quero referir que mais uma vez, infelizmente, que a equipa dos Ceireiros foi como já é habito foi prejudicada pela equipa de arbitragem. Pede-se outro tipo de postura por parte dos árbitros para com a equipa dos Ceireiros, porque mesmo a jogar contra 14 e com 7 minutos de compensação e ainda dar mais 4 minutos não conseguiram com que a equipa dos Ceireiros saí-se de Ferreira d´aves sem os 3 pontos.
Na próxima jornada, os Ceireiros recebem o Resende, na Beselga.

Tiago Augusto

A FESTA DA BESELGA, NA SEGUNDA-FEIRA, É ASSIM...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

REFERÊNCIA AOS PIROLITOS NO BOM CINEMA PORTUGUÊS

Estes são alguns frames do filme "O Costa d'África", um clássico do cinema português, provavelmente um dos mais engraçados! Nesta passagem há uma referência aos pirolitos.
Sendo que na Beselga existiu (nessa data) uma fábrica de pirolitos de alguma dimensão e que teve um papel fundamental na nossa sociedade. Pirolito era o nome que designava uma bebida (sumo de fruta gasificado) em que a tampa era uma bola (um berlinde) que vedava a garrafa com a pressão do próprio gás.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

TAÇA SÓCIOS DE MÉRITO (2.ª Eliminatória):1 de Dezembro

Sezurense - Castro Daire
Nespereira - Silgueiros
Vila Chã de Sá - Fornelos
Resende - Vilamaiorense
Mangualde - Mortágua
Sernancelhe - Vale de Açores
Paivense - Tarouquense
Arguedeira - Carvalhais
Sátão - Lusitano F.C.
Molelos - Santiago Cassurrães
Ferreira de Aves - Alvite
Nelas - Vouzelenses
Lamelas - Nandufe
Farminhão - Parada
Moimenta da Beira - Lajeosa
Ceireiros - Viseu e Benfica

O Concelho de Penedono na TVI 24!

- Sábado dia 12 de Novembro às 13.00 horas;
- Terça - feira dia 15 de Novembro às 16.00 horas.