sexta-feira, 29 de abril de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

DE JOGADOR A CANTOR! JOÃO CARLOS GELOU SERNANCELHE!




Júlio Iglésias e Neno, são alguns dos exemplos de jogadores de futebol que após o términus da carreira se dedicaram ao mundo artístico e do espectáculo. O mais recente caso é o do avançado Ceireiro João Carlos Amaral Santos que após a sua brilhante carreira futebolistica é, agora, um caso de sucesso pelos palcos da Europa!
Como este blog servirá de arquivo para o futuro é bom que fique registado que, o agora professor primário, foi um avançado centro que representou a Beselga em diversas alturas, tendo passado por outros clubes (pelas circunstâncias profissionais). Pela Beselga devem ser realçados alguns pontos. Foi dos jogadores que fez parte da equipa que reabilitou o futebol na aldeia Ceireira, tendo feito bons jogos, marcado excelentes golos e também falhado alguns bem fáceis (como só acontece aos bons)! Contudo, penso que o facto mais marcante na sua carreira de futebolísta está relacionado com o futebol de cinco.
Foi assim:
No ano de 2005 a comissão de festas da Beselga em Honra do Divino Senhor dos Passos inscreveu uma equipa de futebol (baseada em jogadores dos Ceireiros e da Beselga)no torneio de futebol de cinco de Sernancelhe, com o intuito de angariar mais alguns fundos. Este foi o ano de inauguração do pavilhão de relva sintética, inclusive fizemos o primeiro jogo e fomos a primeira equipa a vencer nesse campo. Da equipa faziam parte: o guarda-redes Celso; David Augusto; Ricardo Leitão; Agostinho; Rui da Prova; João Carlos; Nuno Magalhães; Constantino e Igor Pinto sob a orientação de Paulo Leitão. O Torneio era composto por dois grupos de qualificação tendo os Ceireiros ficado no grupo da morte, onde efectuamos um percurso brilhante e curioso, tendo ganho todos os jogos à excepção do encontro frente ao Império Bar (de Vitor de Lamosa e Marco Pinto Actual treinador dos Ceireiros). Esta era a principal candidata a vencer o torneio. O resultado entre a Beselga e o Império Bar foi uma derrota copiosa da nossa equipa por cinco zero! Assim acabamos a fase de grupos em segundo lugar. No cruzamento com as equipas do outro grupo houve uma clara supremacia do conjunto de equipas onde nós estávamos e o percurso até à final voltou a ditar um jogo entre as duas melhores equipas do torneio: Beselga e Império Bar. Sendo o Império Bar apoiado pelos Sernancelhenses, onde pontificavam o guarda redes josé Luís e outros jogadores de terceira nacional, mas o povo Ceireiro mais uma vez deslocou-se em massa e o apoio foi total e bem evidente nas bancadas. Era chagada a hora da final! Os dois colossos do futebol da região! Neste jogo os Ceireiros estavam muito desfalcados! David Augusto, o pilar de toda a estrutura estava ausente, Rui da Prova e Igor também! A missão era redrobada! Fizemos das nossas fraquezas, forças! Na nossa memória paira ainda o resultado da fase de grupos. com o decorrer do jogo Agostinho (que unicamente pode alinhar neste jogo) fez o primeiro golo da Beselga. Balde de água fria! Só mesmo os beselguenses acreditavam que podiam ganhar o jogo!... O tempo foi passando e o resultado permanecia inalterado. No segundo tempo a estratégia do Império bar alterou-se, optaram por arriscar mais e colocaram o guarda-redes avançado. A pressão que sofremos foi maior e a consequência foi o golo do empate. Contudo o jogo não tinha acabado e nós estavamos empatados a cinco minutos do final, sendo que o adversário caiu no erro de continuar a jogar nesse sistema!!!... o golpe fatal foi o golo que João Carlos marcou em contra-ataque por entre as pernas do desamparado José Luís, fazendo o resultado final de 2-1. Conquistando assim o primeiro torneio de futebol em relva sintética em Sernacelhe. De referir alguma confusão no final do jogo, mas a Beselga acabou por fazer a festa nas Bancadas e na fonte luminosa!

terça-feira, 26 de abril de 2011

O CEPO DE NATAL

Histórias e Tradições da Minha Aldeia. O Cepo de Natal e Ano Novo
Memórias dos Anos 60. O Cepo do Natal e Ano Novo.

Na semana que antecedeu o Natal de 1964, mais ano, menos ano, havia trocas de opiniões sobre o Cepo. O Cepo é uma tradição e um género de Instituição. Consiste, em primeiro lugar, numa enorme fogueira na praça pública (adro). Dura noite e dia de Natal e chega até ao ano Novo. Ao redor da fogueira o povo reune-se e festeja.
Nos dias de véspera discute-se sobre a preparação e transporte do material lenhoso. Tarefa pesada, já que alguns cepos são raízes de árvores com umas centenas de quilos. Juntas de bois e lavradores eram mobilizados para a tarefa. Hoje o transporte é feito com tratores.
Neste ano, o Cepo foi mais imponente. Muitas almas emigraram para o Brasil, deixando melhores condições económicas para os que ficaram. Outros conterrâneos partiram para além Pirinéus. Regressados para o Natal, traziam dinheiro e uma certa ideia de liberdade.
O despertar da região com a construção de estradas, pontes, barragens e escolas e a saída de jovens para as fileiras militares, também contribuiram para alterar conhecimentos e mentalidades. O professor da aldeia, que também foi meu professor, acumulava a função de vereador na Câmara. Neste ano, o excesso de zelo levou-o a proibir a instituição do Cepo, no adro, a pretexto de ocupação da via pública. Não percebeu que a situação social, económica e até política mudara. Mas nenhum membro da aldeia esteve na disposição de obedecer à autoridade e o Cepo cumpriu-se no local habitual, no adro, junto à igreja, ao pé do presépio.
Aceso o cepo, o ambiente aqueceu, não só pelas labaredas, como pela animação, regada com ofertas dos nossos emigrantes, para demonstrarem a mudança do estatuto e a alegria que lhes ia na alma. Volta meia-volta ouvia-se um folião regressado de além Pirinéus: "Alors, vai mais uma rodada? Didon!".
E vá de distribuir, tinto ou branco, gasosas, laranjadas, sumos ou "bierres", cigarros e cigarrilhas, gauloises ou gitannes.
Nesse dia não havia privação. Bacalhau, couves, fritas ou rabanadas, filhoses, cavacas ou pão-de-ló e bebidas à discrição.
À meia-noite festejava-se o nascimento de Jesus. O lume era atiçado com varas. Botavam-se mais umas achas para a fogueira - raízes, toros, cavacos, giestas, ou pneus velhos que o Afonso da Pilar, o serralheiro mecânico da aldeia, Homem dos sete-ofícios guardava durante o ano.
A fogueira de enormes cepos parecia alumiar até às estrelas. Fagulhas esvoaçantes propagavam-se pelos ares. Por graça, ouviu-se dizer: "São os anjinhos da Maria do Alberto".
Maria do Alberto era uma senhora que fazia rezas e ladainhas para cortar maleitas e espantar maus espíritos. Consta que via frequntemente anjinhos a vaguear pelo céu.
No dia de Natal e nos seguintes, o zeloso professor não queria passar por "derrotado" e organizou uma espécie de inquérito para encontrar apoio à procura dos desobedientes. Ao mesmo tempo tentava cativar testemunhas para depor no Posto da Guarda Nacional Republicana. Os adolecentes e alguns adultos já estavam habituados a ir ao Posto por tudo e por nada. Porém, a tradição cumpriu-se, o povo da aldeia esteve unido e soube contornar os ímpetos da autoridade reverencial e administrativa. Ninguém sabia de nada e todos sabiam de tudo. O desígnio de liberdade permanecia entre nós, antes da primavera marcelista e da Revolução do 25 de Abril. Contribuiram para a mudança: Os emigrantes e os soldados que trocavam conhecimentos e experiências, colhidas nos quatro cantos do mundo e essas experiências vinham no sentido de mais liberdades;O professor Francisco Fonseca que, com o seu excesso de zelo alertou para a tomada de consciência contra o cercear das liberdades e a predisposição para a conquista de direitos; As famílias, porque nenhuma anuiu à revelação dos implicados na alegada desobediência à autoridade; Como motivações de fundo havia também o próprio desenvolvimento da economia que se vinha afirmando nos anos sessenta e ainda a divulgação e difusão da rádio e televisão que apontavam para novos sonhos e para novos mundos de direitos e liberdades.
Não sabíamos nada de política mas sentiamos o direito e a oportunidade de mudar.
Nesta década de sessenta, nem o Natal, nem a luz que o iluminou foram meros rituais.


Texto: Alfredo Ramos
Fotos: Ricardo Duarte (Kaká)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O TITA SENTADO À ENTRADA DA IGREJA


"O que tapa o frio, tapa o calor!" Tita.

terça-feira, 19 de abril de 2011

PARABÉNS À EQUIPA DE FUTEBOL DE SERNANCELHE



O Grupo Cultural e Desportivo "Os Ceireiros" felicita o Clube Desportivo de Sernancelhe pela excelente época desportiva 2010-2011, tendo lutado pelo acesso à subida de divisão até à última jornada.
Assim sendo, o facto de não terem subido de divisão, significa que para a próxima temporada haverá um derby regional. Ceireiros vs Sernancelhe é bom para o espectáculo, é bom para o desporto, é bom para a bilheteira, no fundo que seja um bom jogo de futebol independentemente do resultado.

MAPA DO CONCELHO DE PENEDONO

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O "FENÓMENO" DE ALBANO BEIRÃO! (Tudo isto aconteceu muito próximo da Beselga)









Doença continua por explicar
Albano, o "Homem-Macaco"


Albano Beirão era um homem invulgar. Tão invulgar que se tornou uma referência, uma lenda, um ponto turístico. Aveloso, uma pacata aldeia no concelho da Meda, foi o seu berço e, há quem duvide, é ali que repousa para sempre. Enquanto foi vivo pouco mais teve senão dissabores. Uma doença sem igual foi a sua distinção, um cognome o reconhecimento. Conheça a história do famoso "Homem-Macaco" que afinal era «bom e caridoso».

Corria o ano de 1882. Na serena aldeia de Aveloso, no concelho da Meda, nascia uma criança de nome Albano de Jesus Beirão, filho de um asturiano fugido de Espanha e de uma pobre rapariga do campo. Aparentemente nada o diferenciava das outras crianças, no entanto cedo se veio a desconfiar que o seu nome iria alterar para sempre a vivência daquela gente. À idade dos sete anos, tinha há pouco tempo entrado para a escola, Albano Beirão viu-se acometido de uns ataques que o deixavam sem conhecimento. Pulava, rebolava, subia às paredes e uivava desalmadamente. As pessoas começaram a receá-lo, fugiam mesmo dele. À escola não voltou porque os alunos não iam se ele por lá aparecesse e o professor seguiu o exemplo dos pupilos. Ficou-se por ali a sua vida escolar, mas também a sua paz e a oportunidade de ser uma criança igual às outras.

Frequentemente, cerca de duas vezes por dia, sofria de um ataque sem nome. As pessoas chamavam-lhe "o mal", "um espírito" que vivia nele. Lembram-se que «perdia peso e dava saltos enormes», era também dono de «uma força tremenda» e «os uivos estarreciam qualquer pessoa». Isto durou até à idade dos 50 anos, altura em que "o mal" desapareceu tão repentinamente quanto aparecera. A doença nunca foi explicada e a população ainda hoje não sabe de que sofria o "Albaninho". Sabe-se apenas que, depois de todo o país ter conhecimento do seu caso, e para estudar a sua doença, foi nomeada uma comissão científica que com ele correu toda a Europa. A comissão integrava três médicos, que o acompanharam aos principais focos de investigação científica como a Itália, Inglaterra, Alemanha, Rússia, Espanha, Bélgica e Suíça. Desta missão nunca se souberam os resultados, tendo permanecido no segredo dos deuses qual seria o "mal" que atormentava o então denominado "Homem-Macaco".

«Era um homem bom e caridoso»

Maria de Lurdes Ferreira, 56 anos, era «sobrinha em segundo grau» de Albano Beirão. Quando nasceu já o tio não sofria da doença desconhecida, mas assegura que conhece de cor as suas aventuras, a mãe deixou-lhe de herança as histórias.

«Havia muitas pessoas que tinham medo dele», recorda, «mas eu não, nunca me fez mal nenhum». Recorda-se que «às vezes pedia-lhe para fazer qualquer coisa para nós vermos», mas ele declinava afirmando que «agora já não, o Estado já me dá mais ou menos o que quero». No entanto diz que o ouviu dizer que «quando não tinha o que queria bastava pedir-lhes que eles davam-me, porque aquelas pessoas lá em Lisboa tinham medo de mim». Lembra-se também de ouvir contar que «foi uma ocasião para África mas deitaram-no do barco para fora», então, «passou as águas do mar por baixo de água até ao destino». Também foi em África que ele «conseguiu combater com os leões sem nunca ter um ferimento».

A sobrinha é mais uma das pessoas que não sabe explicar a razão porque o tio era acometido de tais ataques. «Aquilo era espírito ruim que andava com ele», afirma, «quando lhe dava aquilo não havia nada que ele não fizesse». Até contam uma história de ele andar aos coices numas bestas que estavam presas na Meda e de «subir ao pelourinho com a cabeça para baixo e pernas para cima e quando chegava lá em cima fazia um pino». «Não havia fenómeno como ele», assegura, «levantava-se só com roupa interior, em ceroulas, e nunca rompeu a roupa». E relata ainda outro feito do tio: «Havia ali um cabeço em cima a que chamávamos a Fonte Nova, que tinha covas de raposas, ele metia-se lá para dentro, tirava de lá as raposas e as crias e ficava lá sem medo nenhum». Depois, para sair é que já era um problema, quando os ataques terminavam. Nessas ocasiões, Albano Beirão não tinha outro remédio senão esperar que o "mal" regressasse, para ter coragem de sair e enfrentar as feras.

«No fundo era um homem bom e amigo da caridade que nunca fez mal a ninguém», afirma. A alcunha de "Homem-Macaco" diz que lhe foi "arranjada" em Lisboa, «porque aqui na província nunca o chamámos assim». O "Albaninho", como era conhecido nas redondezas, morreu em 1976, no Hospital da Guarda. A sobrinha tinha 37 anos e ainda se lembra bem da ocasião. «O caixão vinha selado e escorria muito sangue», recorda, «tenho cá para mim que ele não veio no corpo natural, porque ele sempre disse que tinha feito venda da cabeça aos alemães, para continuarem a estudá-lo».

Silvina de Almeida foi vizinha de Albano Beirão e é a pessoa que mais sabe sobre os feitos do "Homem-Macaco" enquanto este ainda sofria do "mal". «Ficava tal e qual um galgo, não conhecia ninguém, galopava e dava uivos que eram de estarrecer qualquer pessoa», recorda. Mas «era muito asseado». Quando lhe davam os ataques, «bebia toda a água que lhe dessem, em gamelas e baldes, limpa ou suja» e quando terminavam os ditos, «ele limpava-se todo, esmerava-se de baixo para cima». Silvina de Almeida lembra-se que a sua figura provocava receio nas pessoas, no entanto, «nunca ninguém se virou contra o homem, todos o respeitavam sobretudo com receio». A vizinha, depois, deixou de o ser quando foi para Coimbra estudar e no regresso já ele não tinha qualquer ataque.

Durante a sua ausência, Albano Beirão casou e teve duas filhas. «A primeira foi para um asilo em Lisboa onde morreu e a mulher fugiu e levou a outra filha». O Homem-Macaco «ficou completamente sozinho». Terá sido isto causado o fim dos ataques? Quem sabe?

Maria João Silva

quarta-feira, 13 de abril de 2011

terça-feira, 12 de abril de 2011

In MEMORIAM DE JUDITE et alli

Foi com pesar que recebi a notícia da partida de Judite. Depois do primeiro choque mentalizei-me que partir faz parte da vida e assim o meu pensamento transferiu-se para a saudade. Recordei então alguns dos melhores momentos quando me reunia em sua casa com os meus amigos pré-adolescentes. Devo a minha formação, religiosa e moral, a duas senhoras da minha aldeia. Leonilde e Judite. O pai de Judite, António Pereira, mais conhecido por António Espanhol (não sei o porquê deste apelido) era uma pessoa de Bem e de rara cultura. Na aldeia era como um líder de opinião. Lia regularmente o jornal e divulgava as notícias entre a população pouco escolarizada. A sua casa era como um centro comunitário dos anos 50 e 60. Na altura a aldeia não tinha luz eléctrica nem água canalizada mas foi na casa de António Espanhol e Judite Pereira que se realizaram as primeiras projecções de vídeo no concelho, apresentadas com a energia de acumuladores.
Recordo-me ver em casa de Judite as projecções clássicas dos temas religiosos. Coisa admirável para os habitantes que viviam isolados. As vias e os meios de comunicação e a economia condicionavam o desenvolvimento, era pois necessário que alguém mais esclarecido ajudasse com informação e divulgação. Também na casa de Judite decorriam os melhores bailes, até que um dia decidiu dedicar-se às coisas comunitárias da Igreja. Esta alteração radical de conduta foi, segundo consta, por uma questão de amor não resolvida. Foi ainda no tempo do velhinho p.e Carlos que Judite começou a colaboração eclesial e comunitária.
Entretanto no início dos anos 60 foi substituído pelo p.e Donaciano, naturalmente de outra idade e formação religiosa, já com as missas em português em vez do velho latim e fazendo uso das novas tecnologias audiovisuais, cativando a comunidade, começando pelas pessoas mais disponíveis e altruístas. Foi o caso, entre outros, de Leonilde, Judite e Mariazinha. Das duas primeiras, recebi a formação religiosa e moral e de Mariazinha, que ainda está entre nós, recebia serviços de enfermagem gratuitos. Foram estes novos recursos humanos e tecnológicos e algumas novas teorias e práticas saídas do Concílio do Vaticano II que permitiram ao p.e Donaciano lançar-se num novo estilo de formação, de lazer e de animação a vários grupos etários.
Voltando à formação religiosa e moral fui, juntamente com os meus amigos, privilegiado com a dedicação de Judite. Depois das jornadas diárias ainda tinha tempo para receber um grupo de pré-adolescentes ao qual dava explicações sobre passagens bíblicas e moral, tal como seu pai fazia com a divulgação das notícias dos jornais à população interessada. Durante os anos 60 e até Junho de 2008 pude constatar que Judite foi um exemplo de bondade e entrega total ao próximo. Aqui deixo mais um muito obrigado póstumo em meu nome e dos meus amigos de infância e adolescência.

Texto de Alfredo Ramos

MAIS ALGUMAS FOTOS CEDIDAS POR AMÉRICO AFONSO







O NOSSO PETER SCHEMEICHEL

sexta-feira, 8 de abril de 2011

"A MINHA ALDEIA BESELGA"

Na minha aldeia, ao entardecer,
costumavam os sinos repicar,
em alegria e fragor,
à hora das “Ave-marias.

Costume antigo, rural,
que a todos, lembrar queria,
pelos campos em redor,
que era hora de repousar.

O tempo é outonal, tardio…
e o dia está por um fio…

Homens e mulheres voltam do regadio,
partilha natural, nas nossas terras,
em tempo de estio…

Ao som do sino crepuscular
começa-se a rezar:
“Ave-maria, cheia de graça…”
…enquanto, com pressa e graça
se recolhem os utensílios
do diurno, duro mourejar…

E eu, que te venero, Maria, Mãe do Senhor,
quase sem querer, entabulo conversa com a oração
e começo a dizer, com amor:
…”…bendita sois vós, entre as mulheres…
e bendito o fruto do vosso ventre, JESUS…”


Por: Fátima Beco

TAÇA DA AFVISEU: SANTACOMBADENSE - CEIREIROS

quinta-feira, 7 de abril de 2011

OS CEIREIROS E A ARTE DE TRABALHAR A JUNÇA


Texto publicado no Boletim Municipal de Penedono, n.º141, de Março,Abril,Maio de 2010.
Autoria: Paulo Leitão

ORGULHO EM SER CEIREIRO

AGRADECIMENTOS AO SR AMÉRICO AFONSO


O GCD "OS CEIREIROS" agradece publicamente a disponibilidade do nosso conterrâneo residente no Brasil pela informação cedida à nossa associação, tendo assim contribuido determinantemente para o enriquecimento deste arquivo beselguense. As fotografias serão publicadas de uma forma coerente e regular.

Obrigado Sr. Américo Afonso!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A BESELGA DE OUTROS TEMPOS!


Foto: Américo Afonso

Equipamento com a Cruz de Cristo ao peito... Muitos dos jogadores ainda são perfeitamente identificáveis!

RECORDAÇÕES


FOTO: Américo Afonso

MUDANÇA E ESPERANÇA EM BESELGA-PENEDONO ? TERRAS DO DEMO?

Na década em que eu nasci, estava-se naturalmente fadado aos estudos máximos gratuitos que eram a 4ª classe. Havia uma excepção para aqueles cujos pais e/ou o pároco local orientavam para o Seminário. Poucos foram os que prosseguiram a via sacerdotal. Ao desistir da vocação continuavam, regra geral, os estudos no ensino público ou privado. Alcançados os 18 anos e alguns ainda menores como foi o meu caso, os rapazes seguiam para França “à fugida” por não lhes ser permitida a passagem de passaporte. Era política do Estado Novo reter a mão-de-obra em Portugal para suprir a débil economia interna e para engrossar as fileiras militares das Forças Armadas que haveriam de servir na metrópole e nos territórios ultramarinos que faziam parte do Estado e Nação portuguesa.
Nos anos 50 e antecedentes procurava-se na emigração, num qualquer ofício manual ou na actividade agrícola e pecuária o modo de vida. Ninguém adivinhava muitas mudanças que vieram a ocorrer. Nos anos 60`s foi introduzido o ensino do Ciclo Preparatório. O panorama estudantil começou a alterar-se mas a maioria dos jovens, rapazes e raparigas, ainda ficavam excluídos da possibilidade de adquirir habilitações para além do primeiro ciclo do ensino básico.
Nas décadas seguintes com o país democrático foi possível frequentar os estudos nas escolas locais, primeiro até à 6ª classe, depois até ao 9º ano mas a população nascida nas décadas anteriores aos anos 80 ficava em sua grande maioria excluída de prosseguir mais habilitações. A mudança acabou por chegar, “mais valendo tarde do que nunca” como reza o aforismo popular. Já nesta década dos anos 2000`s foram ministradas formações de adultos equivalentes ao 6º e 9º ano em muitas localidades do país, incluindo a aldeia/freguesia de Beselga, concelho de Penedono (1). E entre 2008 e 2010 está a decorrer na mesma aldeia o curso de Técnico de Recursos Florestais e Ambientais com equivalência ao 12º ano. É de notar que nem a sede do concelho tem o privilégio de ter na vila de Penedono este grau do ensino secundário.
A maioria dos formandos actuais neste curso nasceu na década de 50 e 60 e estava destinada, injustamente, a viver ab eterno com o primeiro ciclo do ensino básico sem nunca tocar num computador, abrir uma página de internet para informação pessoal, lazer e/ou investigação aplicada à formação. Há ainda a estudar na aldeia de Beselga outros estudantes mais novos, alguns dos quais nascidos em França, filhos de portugueses locais. O entusiasmo dos formandos tem-se revelado de tal ordem que, segundo informação no quinzenário “Progresso de Penedono”, uma das candidatas do curso já está a pensar no ensino superior. Não se prevê (por enquanto) que este nível venha a ter lugar na aldeia. Mas quem sabe! Outrora também ninguém pensaria que, alguma vez, fosse possível aqui funcionar o ensino secundário ao nível do 12º.
Graças à Associação Humanitária Cultural e Recreativa Beselguense, à Junta de Freguesia, à Paróquia e à Câmara Municipal cujos responsáveis souberam sugerir, captar e apoiar projectos para esta localidade do interior, incluindo a formação escolar para adultos. Espera-se, agora, que o futuro seja mais promissor para os formandos. Que os conhecimentos e os curriculae abram novas portas e se traduzam em novas funções, que a aldeia veja aparecer projectos de economia sustentável e amiga do ambiente. Inovar e mudar é preciso. Já o nosso poeta Luís Vaz de Camões no século XVI preconizava a mudança: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, / Muda-se o ser, muda-se a confiança; / Todo o mundo é composto de mudança, / Tomando sempre novas qualidades …/… ”

Texto de Alfredo Ramos